sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Secretaria de Segurança Pública apontou Tiago Bardal como suspeito em envolvimento em esquema criminoso com participação de outros policiais.

O delegado Tiago Bardal se manifestou, na manhã desta sexta-feira (23), em entrevista a Rádio Mirante AM sobre as suspeitas lançadas pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) a ele em relação à participação em um grupo criminoso com participação de policiais. Três militares foram presos, além de outras cinco pessoas envolvidas em contrabando e supostamente outros crimes na Região Metropolitana de São Luís.Bardal disse que sofre uma perseguição e ainda não entende o motivo. Ele foi exonerado do cargo de superintende da Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic).


Tiago Bardal disse que não conhece nenhuma das pessoas presas na operação e que foi abordado por policiais militares duas horas antes da operação e cerca de 5 km de distância do local em questão. Ele confirmou que estava no Quebra Pote, por volta das 23h de quarta-feira (21) e que a operação começou 1h de quinta-feira (22).


"Nós estávamos trabalhando (quando abordado), só que preciso ser chamado formalmente para poder explicar. Nem da minha exoneração fomos comunicados. Eu tomei conhecimento também que foi pedida minha prisão. Mas se eu tivesse envolvido neste caso, teria que ser autuado em flagrante como os outros foram, e isso não aconteceu pelo fato de não ter provas, não ter elementos. Se eu fizesse parte desta organização, poderia avisar os outros para fugirem, pois fui abordado e liberado cerca de duas horas antes da operação. Aí a operação aconteceu e todos foram presos", disse Bardal.

O ex-superintendente disse ainda que até a manhã desta sexta-feira (23) não havia recebido comunicação oficial de ninguém, portanto iria trabalhar normalmente na sede da Seic até ser chamado para poder se explicar.

"Há quase dez anos a gente trabalha só combatendo o crime organizado e eu não sei o motivo dessa perseguição agora. Por anos, deixei de lado minha família em prol do sistema de segurança pública. Até baleado já fui. Então, só queria ser chamado para prestar esclarecimentos quando meu nome foi citado. Só isso. Eu liguei o dia todo (quinta) para todos, inclusive o delegado geral (Leonardo Diniz), e ninguém me atendeu. Desligaram na minha cara", declarou.

Bardal estava há três anos como superintendente, há dez ele é delegado da Polícia Civil do Maranhão. Antes de comandar a Seic, em outras superintendências e também na região tocantina.

"Em momento algum eu fui convocado para prestar esclarecimento formal sobre os fatos. Trabalhei normalmente ontem (quinta) e não fui chamado para falar sobre o que ocorreu. Tomei conhecimento que as pessoas que foram ouvidas, nenhuma citou meu nome e nenhuma me conhece", concluiu.

Em entrevista coletiva na tarde dessa quinta-feira (22), o secretário de Segurança Pública, Jefferson Portela, afirmou que os policiais militares seguiram até um porto privado, localizado no Arraial, no Quebra Pote. Depois de abordagens, três pessoas foram identificadas como militares. Armas, bebidas alcoólicas e cigarros também foram apreendidos.

Os presos anunciados pela SSP foram o major Luciano Fábio Farias Rangel, o sargento Joaquim Pereira de Carvalho Filho, o soldado Fernando Paiva Moraes Júnior, além de Rogério Sousa Garcia, José Carlos Gonçalves, Éder Carvalho Pereira, Edmilson Silva Macedo e Rodrigo Santana Mendes.

No sítio, descobriu-se um esquema criminoso formado pelo major da Polícia Militar que já figurava em ações de inteligência. Ele articulava outros PMs para cobertura armada através de milícia para organização criminosa, segundo informado pela SSP. Outro homem encontrado no sítio era o agenciador das atividades no sítio.

O G1 entrou em contato com a SSP para saber sobre o procedimento que deve ser adotado com o delegado e se de fato houve pedido de prisão, e aguarda posicionamento da secretaria.

A Associação dos Delegados de Polícia Civil do Estado do Maranhão (Adepol) lançou nota sobre o assunto. Leia abaixo a íntegra:

A Associação dos Delegados de Polícia Civil do Estado do Maranhão – ADEPOL MA, com abono em manifestação do associado, vê-se impulsionada em esclarecer notícias tornadas públicas através de sites da internet e da mídia em geral, noticiando o suposto envolvimento do Dr. Tiago Mattos Bardal em atividade ilícita e submeter os informes divulgados unilateralmente nos meios de comunicação à análise individual com novos elementos fáticos.

O Dr. Tiago Mattos Bardal foi exonerado do cargo de direção da SEIC no dia de hoje em virtude de ter sido citado por policiais militares que afirmaram ter abordado o seu veículo duas horas antes da operação policial e cerca de 5 km do local onde as prisões e apreensões se deram. Todas as pessoas que foram conduzidas para a Delegacia de Polícia foram ouvidas e nenhuma delas citou o nome do Dr. Tiago Mattos Bardal, inclusive, quando questionados pela Autoridade que presidia o ato, declararam que não o conheciam, nunca o viram e nunca tiveram qualquer contato com o mesmo.

Na data de hoje, em nenhum momento o Dr. Tiago Mattos Bardal foi chamado pela cúpula da segurança pública nem pela SECCOR para dar a sua versão dos fatos, mesmo passando todo o dia trabalhando normalmente, cumprindo as suas funções laborais.

Lamentavelmente seu envolvimento foi dado como certo em graves delitos que ainda estão sendo apurados.

Por derradeiro, a Associação dos Delegados De Polícia Do Estado Do Maranhão informa que acompanhará o desenrolar das investigações que se iniciaram e acredita que ao final exsurja a verdade.

g1globo






Nenhum comentário:

Postar um comentário