A presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, informou
na abertura da sessão desta quarta-feira (21) que o plenário deverá
julgar nesta quinta (22) o pedido de habeas corpus preventivo impetrado pela defesa com o objetivo de evitar a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A ministra afirmou que a decisão de marcar o julgamento para esta
quinta é motivada pela "urgência". “Pela urgência, será apregoado na
pauta de amanhã [quinta] por não haver possibilidade de pauta anterior,
até porque o prazo é curto e na semana que vem teremos a Semana Santa”,
disse Cármen Lúcia ao anunciar a data do julgamento do habeas corpus.
Se a maioria dos 11 ministros aceitar o pedido, o ex-presidente se livra da prisão após a condenação em segunda instância.
Lula foi condenado em janeiro a 12 anos e 1 mês de prisão
pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), de segunda
instância. A defesa de Lula argumenta que a prisão só é possível após o
chamado trânsito em julgado, isto é, depois de esgotados os recursos em
todas as instâncias da Justiça.
A decisão do Supremo nesta quinta dirá respeito ao caso específico de Lula, sem modificar a jurisprudência sobre o assunto. Em 2016, por 6 votos a 5, o Supremo decidiu
que é permitida a prisão de condenados na segunda instância da Justiça,
mesmo que ainda exista possibilidade de recursos a instâncias
superiores.
Nesta quarta, o TRF-4 informou que julgará na próxima segunda-feira (26) o último recurso apresentado pela defesa de Lula contra a condenação por corrupção e lavagem de dinheiro, no caso do tríplex em Guarujá (SP).
Mas esse recurso serve somente para esclarecimentos sobre a sentença e
não permite modificar o resultado do julgamento. Portanto, em tese,
depois do julgamento desse recurso, a ordem de prisão já poderia ser
expedida.
Fachin negou duas vezes
O pedido para evitar a prisão de Lula já foi negado duas vezes no STF, de forma individual, pelo ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato na Corte.
Nas duas decisões, em fevereiro e março, o ministro considerou que o
principal argumento da defesa – de que um condenado em segunda instância
não pode ser preso – ainda será objeto de discussão pelos 11 ministros
do STF em outras duas ações, de caráter geral, a serem pautadas.
Após o anúncio de Cármen Lúcia, o ministro Marco Aurélio Mello, relator
dessas duas ações, fez um apelo à presidente do STF no plenário para
que ela marque data para o julgamento da questão.
Ele disse que iria levantar, ainda na sessão desta quarta, uma “questão
de ordem”, pela qual os próprios ministros poderiam decidir, em
votação, pautar a análise das ações.
“Estava pronto para suscitar questão de ordem mas não vou fazê-lo
diante do anúncio de vossa excelência de que caminharemos para a entrega
da prestação jurisdicional no dia de amanhã”, disse, em referência ao
julgamento do habeas corpus de Lula.
g1globo
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